O projeto

A universidade pública tem passado por mudanças, principalmente do ponto de vista do acesso dos estudantes às vagas por meio do vestibular. Observamos que a população com acesso ao ensino nas universidades públicas tem mudado bastante e, felizmente, cada vez mais o acesso de pessoas com baixa renda, de diferentes etnias e pessoas com deficiência física, tem aumentado com as políticas públicas de cotas estabelecidas nos últimos anos. No entanto, surge um novo desafio: evitar a evasão desses alunos e permitir que a mudança se concretize com a finalização do curso.

Nesse contexto, o Projeto Semear nasceu e se fundamenta em um olhar de empatia, buscando ajudar esses alunos que ingressam na Escola Paulista de Medicina e Escola Paulista de Enfermagem, a fim de que permaneçam e  sintam-se pertencentes à realidade que conquistaram, ajudando-os do ponto de vista financeiro e sócio emocional, ao longo da graduação e com orientações para a sua carreira universitária e pós universitária.

O projeto SEMEAR-EPM nasceu em 2017 como uma iniciativa de professores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), com o objetivo de promover o acolhimento e a permanência de estudantes de graduação no Campus São Paulo. Fundado pelos professores Marcus Luzo e Manoel Girão, o projeto contou inicialmente com o apoio essencial da  Associação Beneficente de Coleta de Sangue (COLSAN) e o engajamento de outros docentes e representantes da instituição.

Desde sua criação, o projeto tem evoluído e se expandido. Em 2018, foi lançado o primeiro processo seletivo com 56 inscrições. Após entrevistas, 19 alunos foram selecionados para receber auxílio financeiro mensal e tutoria. As demandas identificadas durante esse processo impulsionaram novas ações, como a criação de um espaço de alimentação – reformado pelos próprios alunos – e a implementação de um curso gratuito de inglês, acessível a todos os alunos do Campus São Paulo. 

Ao longo dos anos, o SEMEAR-EPM promoveu palestras motivacionais, ações sociais como festas de Natal para comunidades do entorno, entregas de presentes para crianças hospitalizadas, passeios culturais, entre outras atividades que fortalecem os vínculos entre os estudantes e a sociedade. 

Em 2019, além da continuidade das bolsas e ampliação das atividades, o projeto estabeleceu parcerias com instituições como a Colsan e o Hospital São Paulo, possibilitando a oferta de estágios remunerados para alunos a partir do 3º ano. Também foi criado um curso de instrumentação cirúrgica, idealizado para capacitar estudantes economicamente vulneráveis a atuarem profissionalmente aos finais de semana. 

Durante a pandemia, o projeto se adaptou com seleções on-line e a expansão do curso de inglês. Em 2020, o SEMEAR-EPM ampliou sua atuação com a criação de novas vagas de tutoria, abertas a todos os alunos dos três primeiros anos do curso médico. A resposta foi expressiva: 57 alunos interessados em serem tutorados e 69 professores e ex-alunos dispostos a atuar como tutores. 

Como forma de retribuição à sociedade, os alunos do projeto SEMEAR EPM são incentivados a realizar campanhas solidárias e ações comunitárias. 

O projeto tem uma formalização jurídica, com Estatuto, diretoria e CNPJ, buscando ampliar sua capacidade de atuação e sustentabilidade em longo prazo. Conta também com o Núcleo Gestor, composto por professores e alunos coordenadores que atuam para organizar e agilizar as ações do projeto.  

Até o momento, foram mais de 120 alunos apoiados diretamente pelo projeto SEMEAR-EPM e muitos outros alunos que foram beneficiados por tutorias, participação em palestras, curso de inglês, eventos e ações sociais. 

Além do apoio contínuo de professores, de ex-alunos e da associação Amigos da Escola Paulista, o SEMEAR-EPM está em busca constante de novos patrocinadores para poder cumprir com a sua missão.